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Pearl Jam em São Paulo: A perspectiva de uma fã novata

Por: Andressa Assis

A banda americana Pearl Jam passou pelo Brasil nas últimas semanas com a turnê Lightning Bolt e mais uma porção de clássicos e b-sides. Em São Paulo, eles se apresentaram dia 14 de novembro no estádio do Morumbi. Eu estive por lá e a partir de agora começa o relato de tudo que passei.
Sai da minha cidade a caminho do show, chegando próximo aos arredores do estádio a movimentação era tranquila e o clima já pairava no ar com a quantidade de pessoas usando camisetas da banda liderada por Eddie Vedder. Cheguei no estádio 40 minutos após a abertura dos portões e quase nem peguei fila, foi tudo muito rápido. Aproveitei para ir no banheiro (Em péssimas condições) e comprar uma cerveja. Escolhi meu lugar na arquibancada e fiquei por ali. Tudo para comer era R$10 e tudo muito saudável, pastel, aqueles churros de saquinho que você pode fritar em casa, batata e pipoca. É por essas e outras que me alimento muito bem antes de entrar no estádio. Achei também muito caro os preços dos produtos oficiais, uma camiseta R$100, um chaveiro R$25 e por aí vai. Por incrível que pareça, quando sai do estádio aquela mesma lojinha não tinha mais nada. É a crise!
Estava na segunda fileira e depois de ficar cheia de tanta gente que passava toda hora resolvi pular para a primeira fileira que tinha uma cadeira vaga. Foi uma boa ideia e ao mesmo tempo não foi. Faltando menos de 1 hora para o show que estava marcado para começar 20h30, uma avalanche de pessoas começaram a entrar. Gente, como vocês deixam para chegar em pleno sábado quase na hora do show? Ou eu tenho uma cabeça voltada para shows de música pop ou esse povo aí é muito sem noção. O problema não é nem esse, mas sim o fato de quererem um bom lugar. Aprendam brasileiros, ARQUIBANCADA NÃO É PISTA. Você não pode ficar na frente dos assentos ocupados, naquele espaço que a gente deixa para passagem, você precisa escolher uma cadeirinha, entendeu? Eis que umas 3, 4 mulheres resolveram fazer isso. O que rolou? Uma unhada no braço da moça que já estava ali umas 4 horas. Segurança do lado e não fez nada. Pior de tudo, elas ainda achavam que tinham razão e soltaram: "Vocês estão sentados! Eu não tenho lugar para ficar!" Que mundo elas vivem? Sim, estávamos sentados e sabe por quê? O show ainda não havia começado e se qualquer um quisesse ficar sentado durante o show poderia, sabe por quê? Pagamos por arquibancada, sabe o que é isso? E tem mais, a empresa responsável pelas vendas não iria vender ingressos a mais do que cabia no setor. Cada assento representa um ingresso. Achei o cúmulo! Nunca vi isso em show pop com a maioria  de fãs adolescentes. Existe muito mais respeito. Rola um estresse na pista por conta do empurra-empurra, agora arquibancada não. Pensa que acabou? Não. Fiquei sentada, daí um bonitinho parou bem na minha frente, ficou ali, dei um cutucão nele e avisei: "Não pode ficar aí. Já deu confusão ali na frente!" Primeiro ele se fez de surdo, depois veio com a historinha que era torcedor do São Paulo, que era a primeira vez que estava no estádio, veio sozinho... Aquela lenga-lenga. Sou realmente muito educada. quase falei pra ele, eu também sou torcedora, também nunca vim, também estou sozinha e nem por isso parei na frente dos outros. Deixei tirar foto do escudo do time e ele foi embora. Avisa e pede se pode, né! Percebi que quanto mais velhas as pessoas ficam mais elas se tornam ignorantes. Okay, resolvi levantar, vi que se continuasse sentada perderia meu lugar por mais que o casal do meu lado estivesse guardando.

Com 15 minutos de atraso Pearl Jam subiu ao palco e acreditem, ainda tinha muita gente entrando e várias pessoas aproveitaram disso e ficaram na frente dos demais na arquibancada, afinal, quem iria discutir com Vedder e cia. arrebentando no palco? Belos fãs vocês são, pelo visto não compreendem nem a mensagem que a banda passa. Meu lema atual: Por um país em que um dia perca esse jeitinho brasileiro de aproveitamento de situações. Não adianta você criticar o governo por corrupção se você não respeita os direitos do próximo e só pensa em você. 
Sobre o show sem comentários! 3 horas, sim você leu certo TRÊS HORAS! E pra quem acompanha PJ sabe muito bem que a banda é uma caixinha de surpresas, todo show é um setlist diferente. Na capital paulista teve muito lado B que eu realmente não conhecia. Nasci no início dos anos 90 quando eles já estavam fazendo sucesso e confesso que ainda tenho muito para aprender. Por incrível que pareça conheci os caras através do Nirvana, quando tinha meus 15,16 anos e a primeira música que ouvi foi Black. Fiquei boba, como não conhecia uma banda tão boa com um vocalista tão maravilhoso? Daí baixei Ten, Vs., Vitalogy e No Code. Lógico que Ten foi amor logo na primeira ouvida. No decorrer do tempo fui baixando os demais álbuns até chegar ao mais recente. Sou apaixonadinha pelo Eddie? Sou sim! Sempre tive vontade de ver a banda ao vivo e finalmente consegui! Voltando ao show, surtei com Black, Sirens (Que chovia muito bem na hora e não deu pra gravar), Alive, Jeremy, Getaway, Mind Your Manners, Even Flow e Do The Evolution. Porém surtei muito mais com Vedder falando português! Coisa mais fofa do mundo! Batia no próprio rosto quando não conseguia pronunciar direito. Seu português não está tão merda assim, rs. A gente sabe que ele sempre tenta falar o idioma quando vem aqui ou em qualquer outro país que o inglês não é a língua oficial. Acho isso um dos gestos mais bonitos que um artista gringo pode ter. Demonstra interesse. 
Eddie é um show a parte, distribui pandeiros, bebe vinho e joga a garrafa pra galera, dá altos pulos, desce do palco pra interagir com o público, finge que vai se jogar na galera e até um tombo levou. Choveu durante o show, daí quando ele foi para o canto jogar o pandeiro e voltava pro centro do palco levou um escorregão e caiu de bunda. Na hora gritei: "Ah, ele caiu! Tadinho!" Mas depois já estava rindo dele. (Sou malvada). Falando em chuva, por conta do vento forte o show foi interrompido por 10 minutos para reforçar a estrutura do palco. Não era nada muito grandioso, mas as luzes que se pareciam com pequenos lustres estavam com as estruturas comprometidas. Feito isso, voltaram com mais força ainda. Não posso esquecer de citar o show que o guitarrista Mike McCready deu. E o que dizer sobre Matt Cameron? 3 horas na bateria! OMG! Jeff Ament e Stone Grossard também são sensacionais! Pearl Jam é uma banda completa! 
Claro que Imagine (John Lennon) foi um dos momentos mais emocionantes. E se você parar pra analisar essa letra escrita há décadas nunca foi tão atual. Na noite anterior ao show (Sexta-feira, 13) havia acontecido os atentados em Paris. O mundo estava comovido. Eddie lembrou do ocorrido, assim como a bateria de Matt tinha a Torre Eiffel. Foi lindo de ver todo o Morumbi, praticamente lotado, iluminado com luzes de celulares e cantando alto. Por várias vezes foi emocionante a sincronia dos movimentos da galera. Nas últimas músicas eles tocaram com as luzes acessas no estádio. Acredito que não é porque a banda já tinha extrapolado o horário, afinal isso vem rolando em todos os shows e ficou legal!
Senti falta de Daughter, Release, Animal, Just Breathe, Oceans, Future Days e Infallible. Tudo bem. Fica pra próxima. Sim, irei em todas as vezes que PJ se apresentar no Brasil. Gostei do que vi e ouvi. Não é qualquer banda que faz um show com 33 músicas. 
Veddão te amo, cara! ❤ 

A saída do estádio foi complicada, melhor dizendo, a rua estava complicada. O portão da arquibancada A era o último lá em cima. Conforme fui descendo dei de cara com a galera da pista subindo. Pronto! Aí foi o caos! Chegou em uma parte que rolou empurra-empurra. Bateu o desespero. Pensei: "Gente não me derruba! Não quero ser pisoteada." Percebi que a galera não sabe nem se organizar pra andar na rua. Estou falando do show do Pearl Jam cuja a idade média de fãs são de 30 anos pra cima. Pior momento foi quando uma ambulância resolveu passar na rua. Um Deus nos acuda! Só aliviou quando passei o portão da pista. Soltei um UFA. E olha que esperei quase 30 minutos pra sair depois que o show terminou. Da próxima vez foi esperar quase 1 hora. Porém não terminou por aí, a CET fechou praticamente a avenida inteira que corta o estádio, camelei horrores para encontrar o motorista. Não sei se tinha tanta necessidade disso. No Allianz nunca fizeram isso. 
Gostei sim da arquibancada, sorte que não comprei pista. Não ia ver nada! A pista premium era gigantesca! Achei o telão pequeno. Vi eles de longe, mas vi tudo o que acontecia no palco e no telão sem ninguém impossibilitando! Bem melhor!


Pontos positivos: - Policiamento. Havia bastante policiais nos arredores.
                           - Existia placas indicando onde era a entrada de cada setor.
Pontos negativos: - Banheiros em péssima condições. 
                            - Plaquinhas indicando feminino e masculino eram confusas. 
             (Pra quem já foi no Allianz encarar os banheiros do Morumbi foi bem difícil!)
                             - E-ticket não fica com você. Fiquei indignada com isso! Além de ter que imprimir em casa e pagar 8 reais, são eles que ficam com o ingresso.
                            - Choveu ferrou. Enquanto chovia começou a empossar água ali na fileira 1 da arquibancada. Taqueopariu Morumbi! Sorte que não choveu muito!
Sou são paulina, fiquei feliz em visitar a casa-mãe, mas tenho que admitir, reformas urgentíssimas no Morumbi! Allianz é mil vezes melhor, prefiro shows por lá. Perceba que não falo mal do show, mas sim da organização e estrutura.
Tirando esses probleminhas, Pearl Jam não deixa a desejar e mostrou porque é uma das melhores bandas de rock do mundo! Pode voltar todo ano que não enjoa. 
















Vídeos do show
Jeremy
Imagine (Trecho do Eddie falando em português)
Sirens
Black
Alive

Setlist






















Fotos: Andressa Assis, Camila Cara, MRossiFoto e Instagram Pearl Jam. 

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